30 de mar. de 2012

Saudade do fogão a lenha


Paro. Analiso. Sinto profundamente. Rio. Reflito pela saudade não esperada.
Inclino-me para frente. Deposito a mão suavemente sobre as pernas.

Saudade inusitada do velho fogão a lenha.

Não pense, possível leitor, que a saudade deve-se ao frio. O dia foi quente.

O sentimento simplesmente veio e entrou sem pedir licença.

A mente lançou-se para o passado e ficou por lá dançando entre as labaredas...

Saudade daqueles minutos perto ao fogão a lenha em que a menina ignorava a realidade a sua volta e sonhava olhando o fogo. Saudade de pegar o pão caseiro, passar manteiga e deixá-lo no forno a aquecer...
Saudade daquela emoção singela de ignorar todos a volta e saborear só meus pensamentos e o calor das chamas.
Vocês dirão que sou ridícula em admitir. Mas surgiu saudade daqueles sonhos bobos e ao mesmo tempo inocentes onde eu imaginava com seria ter uma torradeira...( E não falo das elétricas. Alguém ainda lembrará daquelas torradeiras antigas de ferro?)


Oh saudade maldita. Misteriosa. Destruidora. Impetuosa....Vá....Vá logo embora.
Não leve-me a mal. Mas de mim restou apenas uma mulher com cicatrizes e elas nem foram feitas pelo fogo...

Vais rápido. Não quero que me vejas chorar. Mas...

Mas podes voltar outro dia. Se puder avisa. Não me pegues assim tão despreparada e sem nada a oferecer...
Agindo assim não és minha amiga. Não estas sendo justa. E farás isso logo com quem sempre foi tua companheira?

Saudade...Oh...Sua garota levada que nunca me dá ouvidos...
Porém...Sempre está por perto fazendo companhia....
Num vicio de jamais me preender e tão pouco libertar....

Não te magoes atoa. Já sabes que não vivo sem você. Está tudo bem... Desfaz esse beicinho e vais passear pela praia e provocar estranhos....Amanhã a gente se fala. Amanhã, se te comportares, eu prometo te contar uma história. E então poderá guardá-la com você como mais uma ponte até mim.





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