30 de jul. de 2010

Tristeza Banal

Dia de chuva. Leve... Garoa, como dizem por aqui...
A casa com aquela umidade que a gente não gosta. Os gatos agitados pelo pouco espaço e ora querendo dormir.Depois que ela limpou tudo ficou olhando o céu. Tédio. Tristeza... Sem motivação...
Não sabia achar as palavras para explicar o que sentia. No rádio as mesmas músicas populares...
Sensação de que a vida passava em vão. Érico Veríssimo entenderia ela. Saberia que ela apenas sentia a infelicidade... Mesmo sem saber as razões exatas para tal.
Resolve passear nos trilhos. Como na infância. Caído na grama ao lado um homem. Mal vestido. Sujo. Bêbado. Dormia? Ou estaria desmaiado?
Parada ela olha. Ele se move... Estava vivo. Devia ter bebido de mais...
A chuva aumenta. Resolve retornar para casa.Olhando pela janela deixa os pensamentos vagarem. Acende um cigarro. Abre uma garrafa de vinho...

Não sentia vontade de chorar, embora a sensação fosse semelhante. Não queria companhia de amigos mesmo sentindo-se só... Não ligou o som novamente mesmo tendo o silêncio como algo atormentador...

Que dor clichê pensava...Seria daí que nascem os contos e as canções?Então alguém a procura inesperadamente. Precisando de cuidados. De carinho. De curativos para alma... Talvez até de palavras doces. Ela vai. Não por que isso fosse nobre... Não somente por gostar muitíssimo dele... Mas porque assim guardaria sua dor no fundo de um armário... Cuidando da dor dele esqueceria do próprio sofrimento... E percebe no meio do caminho que isso era bom. Não a sua dor. Afinal ela estava atirada num canto qualquer. Mas era bom gostar de alguém. Era bom ter alguém que precisasse dela...Num pequeno instante agradeceu por ainda poder doar-se sem pedir nada em troca, esquecendo-se de sua infelicidade.

Era um sentimento bom. Mas para que se destinava?


( Escrito em 19 maio de 2009)

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